segunda-feira, 9 de abril de 2012

Homília de Dom Paulo na Quinta-feira Santa

Paz e graça Sentinelas da Manhã! Segue o transcrição da homilia feita pelo nosso bispo diocesano, Dom Paulo Francisco Machado na Santa Missa da Quinta-feira Santa.
Os destaques são meus.
deus nos abençoe.


Caríssimos irmãos que constituem o presbitério da Igreja Particular de Uberlândia. Amados irmãos,  servidores do Povo Santo de Deus, na diaconia da caridade e da Divina Liturgia.
Em torno do altar, que é Cristo, como Assembléia Santa se encontra nosso clero, com os Ministros Extraordinários da Comunhão Eucarística, Seminaristas, Religiosos e Religiosas, Consagradas e fiéis de toda a Diocese.
 
Prezados irmãos, é com alegria que os recebo neste lugar sagrado, para celebrar a Santa Eucaristia, no dia em que recordamos a sua Instituição pelo Senhor e, ao mesmo tempo, a Instituição do Sacerdócio. Nós padres queremos, nesta Santa Celebração, viver a grandeza, a dignidade e santidade do ministério para o qual Jesus e a Sua Igreja Santa nos chamou. Agrada-me ver tantos fiéis nessa Santa Eucaristia. É justa essa presença, uma vez que nosso ministério existe para o serviço, a diaconia, a santificação e governo dessa amada porção da Igreja. Sei,  que se aqui estamos, não é por mérito nosso, mas de tantos que rezam e se sacrificam por nós, para que o nosso pastoreio seja realizado em santidade de vida. Os senhores, as senhoras aqui se apresentam para ouvir , de nossos lábios e de nosso coração,  os compromissos que assumimos na ordenação presbiteral e diaconal. Reconhecemos, sim, que também somos frutos de suas inúmeras preces.

Nesta Santa Celebração iremos confeccionar o óleo dos catecúmenos e esta cerimônia indica-nos que devemos ser os primeiros a dizer palavras de esperança, de fé, de encorajamento aos que estão abatidos. Somos anunciadores de uma boa nova que estimula as pessoas a viver santamente e as leva a ter uma justa e sadia auto-estima. A preparação do óleo dos enfermos leva-nos ao compromisso com os que se encontram lacerados pela dor nos leitos dos hospitais, nos lares, nas praças e nos becos da cidade onde a morte e a prisão são vendidas na ponta de uma agulha ou num cachimbo de “crack”.
Teremos a oportunidade de preparar, dentro de instantes,  o Santo Crisma, o Santo “Mýron” que ungiu nossas frontes na Confirmação,  e nossas mãos sacerdotais na Ordenação, e que foi derramado em abundância sobre minha cabeça, tornando-me membro do Colégio Episcopal. Fui ungido na cabeça pois, como bispo, sou chamado a dar unidade aos trabalhos das mãos ungidas dos meus presbíteros e ao serviço generoso dos diáconos. Com a fonte ungida,  todos constituímos o povo sacerdotal, chamado a ser “Santo como o Pai Celeste”. As nossas mãos ungidas indicam que somos chamados ao trabalho na “Seara do Senhor”.

Agora, celebramos a Missa do Crisma, também chamada de Missa da Unidade.Vê-se logo quão oportuno é esse título, pois,  a primeira referência Neo testamentária à Eucaristia, no texto paulino da 1ª Coríntios,  foi para defender a unidade de uma Igreja mostrando que seus membros mais ricos não podiam humilhar os mais pobres. Havia, assim, uma grave contradição entre o mistério celebrado e a vivência do dia-a-dia.

A Liturgia Eucarística do seu inicio, procissão de entrada, ao seu fim, missão,  fala-nos da unidade. Antes mesmo de cada celebração somos chamados a examinar nossa consciência, pois junto ao altar não há lugar para a desavença, para o rancor contra o irmão. Será preciso primeiramente buscar a reconciliação com o próximo para começarmos a celebração. Ao prepararmos as oferendas não estamos expressando nossa solidariedade, nossa união com os nossos irmãos famintos, doentes, pobres? Na Oração Eucarística, quando todos os corações dos fiéis estão como que pendendo dos lábios do padre, não manifestamos nosso afeto, nossa união profunda com o Papa, que exerce em primeiro lugar a diaconia da caridade, da unidade? E quando, depois de mencionar o nome do sucessor de Pedro, também pronunciamos o nome do bispo, nessa diocese, o meu nome de batismo, não estamos buscando a unidade em torno do Pastor? Quando trocamos com o irmão um sinal de paz, não estamos assumindo o compromisso de construir o Reino de Deus, "Reino de Santidade, e de Graça, de Justiça, de Verdade e de Paz?" Quando lembramos as santas palavras da instituição eucarística, não estamos fazendo o memorial da Páscoa, do Santo Sacrifício da Cruz que fez de todos os povos um só povo? E mais ainda, na epiclese sobre a Igreja não pedimos que o Espírito Santo nos una num só Corpo, o Corpo de Cristo? Bem nos ensinava,  o grande teólogo  Santo Tomás de Aquino,  que Deus nos concedeu o poder de consagrar um corpo real em benefício do Corpo Místico (QXXXVII,2).     E quando comemos do mesmo Corpo do Senhor e bebemos do seu Santíssimo Sangue não é para que nos apropriemos dos “mesmos sentimentos de Cristo”? Na despedida – “Ite, missa est” - não estamos compromissados com a nossa missão de levar a Boa Nova aos irmãos, de viver segundo o que celebramos?

Entendo que esse desejo de unidade, tão de acordo com os desejos mais profundos do coração de Jesus, deva ser concretizado nas nossas celebrações. Celebremos a missa da Igreja Católica, no rito latino,  observando o que ela nos pede. Não vamos inventar ritos que mais satisfazem nosso gosto pessoal, e que, tantas vezes, não passam de expressões de autoritarismo, arbitrariedade.

Enfim, lembremo-nos, que a unidade do Corpo de Cristo, da Igreja não foi uma conquista de conchavos humanos, de busca de realização de sonhos comuns, mas do sacrifício da Cruz, que fez de “todos os povos, um só povo”. A unidade nasce do e no Calvário. A unidade da Igreja e do nosso presbitério é constituída no dom da fé, é construída arduamente em torno do altar quando celebramos o Mistério Pascal. Ela não é fruto de projetos puramente humanos. Esses todos foram e serão fadados ao fracasso,  como fracassaram a orgulhosa torre de Babel e todos os impérios dos últimos séculos, pois, todos os impérios,  que erguem os altares aos seus Césares, têm pés de barro.

Então, no fundo de nosso coração, guardemos as sábias palavras de Santo Agostinho: “No necessário, a unidade; no duvidoso, a liberdade; e, em tudo, a caridade”.

Hoje iniciamos a Celebração do Tríduo Pascal. Faço votos que esse grande Mistério encontre espaço em minha vida e na de meus irmãos, para que eu seja, para que sejamos ministros da Reconciliação, construtores da Unidade.

Nossa Senhora da Abadia, rogai por nós.
Santa Teresinha do Menino Jesus, rogai por nós.
Uma Santa Páscoa!

fonte: Site Elo da Fé

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