Escrevo em foram de
comentário porque não achei um e-mail de contato. Fui à audiência
pública e conto abaixo o que presenciei: O que vi da audiência pública
sobre Crimes Contra a Vida.
Estive na Audiência
Pública que ocorreu em São Paulo para discussão das mudanças no Código
Penal com relação aos Crimes Contra a Vida. Minha motivação foram as
mudanças propostas sobre a penalização do aborto. Gostaria, aqui, de
contar o que vi.
Vi desprezo pela
verdadeira democracia, em uma evidente manipulação para que os
movimentos pró-aborto dominassem a sessão. Afinal, quais seriam as
chances estatísticas de todos, eu disse TODOS, os grupos feministas e
abortistas terem se inscrito primeiro do que os outros grupos, como me
foi alegado? Chances maiores são de que, ou foram avisados antes de
todos sobre a audiência, ou eles mesmos se mexeram para que tal
audiência acontecesse.
Vi, portanto, o triste
espetáculo da velha ladainha sobre liberdade feminina. Não que as
feministas não possam se superar. Houve indignação porque a mulher
grávida é chamada de gestante. Uma mulher, com aparência claramente
indígena, incluía-se no grupo “pobres e negras” e reclamava do
preconceito. Teve mulher estrangeira dando pitaco na legislação. Houve
proposta de criminalizar o preconceito contra as mulheres que abortam
(trocando em miúdos: coloquem quem for contra o aborto na prisão). Teve
até defesa do infanticídio, e tudo isso temperado pela tão famigerada
comparação: se não podemos abortar, então não comamos ovo, que estamos a
matar o filho da galinha!
Foram horas de
insanidade até que a primeira voz se pronunciasse contra o aborto, já
com o plenário completamente esvaziado. Aí sim, ainda que vindos de
poucas bocas, argumentos bem fundamentados começaram a surgir. O
primeiro a falar foi o historiador e jornalista Hermes Rodrigues Nery, o
primeiro também a (finalmente) citar um detalhezinho esquecido pelas
feministas: o feto. Nery presenteou o ministro Dipp, moderador da mesa,
com um modelo em tamanho real de um feto de 12 semanas. A indignação
abortista foi geral: chegaram a dizer, com o ódio típico de quem
despreza a vida, que se era para sair por aí distribuindo “fetinhos”,
elas teriam levado fotos de mulheres ensaguentadas por decorrência do
aborto. Sim, foi esse o nível da “discussão”.
O deputado Paes de
Lira, apresentado por Dipp simplesmente como “ex-coronel”, e cuja fala
aguardei ansiosamente, disse a maior verdade de todas: aquela mulherada
gosta mesmo é de ditadura. Também falou um advogado em defesa da vida,
indo contra todos os outros ditos advogados e médicos que defenderam, em
nome da bioética e do direito, que feto não é gente.
Somente no fim da
tarde tive minha chance de falar, ou de, pelo menos, tentar. Assim que
me levantei, ouvi “essa aí deve ser pastora”, porque, para essa corja,
ter religião é xingamento. Fui a PRIMEIRA mulher, em horas de falatório,
a defender a vida. Não só a vida, como também o direito da mulher de
obter informações sobre as graves sequelas do aborto. Isso despertou a
ira do grupo, que se levantou e, como uma torcida organizada de futebol,
vociferou em minha direção. O moderador foi obrigado a intervir para
que eu pudesse continuar. Apresentei dados de estudos sérios sobre a
relação do aborto e do câncer de mama, dos nascimentos prematuros e do
aumento de doenças psicológicas e de suicídio entre mulheres que
abortam. Aliás, os defensores da vida foram os únicos a citarem as
fontes de todos os dados que apresentaram, diferentemente das
feministas, que jogaram na nossa cara números fictícios a tarde inteira.
Além de mim, somente
outra mulher esteve lá para defender a vida, e num depoimento emocionado
e bonito, disse que a filha de 3 anos, ao olhar a imagem de um feto, já
sabe dizer o que ele é: um bebê. Também me surpreendeu um rapaz
bastante jovem que, numa fala muito bem estudada, citou até Aristóteles.
Vê-se bem que o tipo de discurso pró-vida é muito superior àquele que
nos incita à dieta sem ovo.
Mas é preciso falar,
também, do que não vi. Alguém pode me dizer onde estavam os movimentos
de defesa da vida? Também os representantes religiosos, onde se
esconderam? Especialmente os católicos, num ano em que o tema da
Campanha da Fraternidade é a saúde pública! NENHUM esteve presente na
audiência. O que justifica essa ausência maciça? Se foi uma estratégia,
peço que seja mudada! Incomoda-me ver que o mal sempre é mais organizado
e articulado que o bem. Incomoda-me ver que os poucos defensores da
vida presentes estavam decepcionados pela falta de liderança.
Incomoda-me parecer que as mulheres brasileiras são representadas por
aquela corja, aquela falsa maioria que certamente será noticiada na
imprensa como sendo a grande defensora dos direitos da mulher.
Por isso mesmo fiz
questão de estar lá, para provar que elas NÃO me representam. E tenho
certeza, não representam a verdadeira sociedade brasileira. Foi um tapa
na minha cara ver que poucos fizeram o mesmo. Mas também foi um tapa na
cara das feministas ver que, lá mesmo, esses poucos começaram a se unir.
Lorena Leandro
25/02/2012
25/02/2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário