sábado, 25 de fevereiro de 2012

Padre Paulo Ricardo fala sobre a inculturação na Santa Missa

Inculturação é simplesmente tirar aqueles elementos que iriam perturbar a compreensão da Missa e do Santo Sacrifício naquela cultura específica, mas isso não se faz espontaneamente, não se faz a partir do alvitre do celebrante, e nem sequer de Bispos locais. É necessário que haja a aprovação da Santa Sé. As pessoas que celebram esse tipo de Missa estão violando um direito fundamental dos fiéis. O Código de Direito Canônico, quando coloca os direitos dos fiéis em geral, diz o seguinte, no cânon 214: “Os fiéis têm o direito de prestar culto a Deus segundo as determinações do próprio rito aprovado pelos legítimos Pastores da Igreja”.

É um direito do fiel. Ou seja, um fiel, quando vai à igreja, tem o direito de receber a Missa da Igreja, não a Missa do padre. Agora, é evidente que padres e celebrantes gemam diante deste cânon. Por quê? Porque está tirando deles a possibilidade de ser um tiranete. Ou seja, “eu sou o pequeno ditador que diz como a Missa será”… É evidente que equipes de Liturgia gemam diante deste cânon. Porque equipes de Liturgia, criativas, que querem começar a Missa com a bênção final e terminá-la com a procissão de entrada (…), essas pessoas que querem tudo de cabeça para baixo, irão protestar… Mas, que alívio para os fiéis! Que alívio para os fiéis saber que a Igreja os defende e defende seus direitos; que quando eu vou à Missa, eu não quero ser refém do celebrante e da equipe de Liturgia; quando eu vou à Missa, eu quero saber como ela começa, tem o seu prosseguimento, segundo os ritos, e como é que ela acaba… Que bom saber que a Missa pode e deve ser respeitada!

Uma outra realidade é o fato de que essas Missas “inculturadas” (…) são, na verdade, Missas dessacralizadas. Existe algo de profundamente errado, antropologicamente errado, nessas Missas, que é o seguinte: Quando você vai a um terreiro de macumba, as vestes que as pessoas estão oficiando o sacrifício são vestes diferentes, os ritmos, a música, são ritmos e músicas diferentes, existe naquela religião um sentido do sagrado. Ou seja, a pessoa que está realizando aquele culto afro-brasileiro, ela não está nem se vestindo e nem se comportando como ela faz no dia-a-dia. Porque existe um princípio antropológico básico de que o culto se presta com algo diferente do dia-a-dia. Ou seja, existe o sagrado, existe o secular, o profano, aquilo que eu faço no dia-a-dia. O culto a Deus é prestado com algo diferente do meu dia-a-dia. (…)

A Igreja sempre viveu dentro desta verdade antropológica. Nós tínhamos uma música sagrada – o gregoriano -, roupas sagradas – os paramentos litúrgicos -, textos sagrados, havia toda uma realidade sagrada… Eu estou usando “havia” não porque foi abolido, mas “havia” porque as pessoas jogaram fora, jogaram fora o patrimônio da Igreja! Tudo isto ainda existe, ainda está aí, e não foi o Vaticano II que acabou com isso… Essas pessoas que dizem isso (…) jamais le[ram] uma linha do Vaticano II. Eu desafio você a encontrar na Sacrosanctum Concilium qualquer tipo de aprovação deste tipo de maluquice litúrgica. Não há… E isso jamais passou pela antecâmara do cérebro dos padres conciliares. (…)

Pois bem, aqui está a realidade. Estas Missas – assim chamadas “inculturadas” – deveriam se chamar Missas profanadas, dessacralizadas, Missas onde o sagrado agora já não existe, existe somente o profano. Você (…) usa a roupa profana, usa uma roupa que não foi pensada para o culto, colocam-se danças que não são danças sagradas, colocam-se ritmos que não são ritmos sagrados, tudo isto dentro da Missa. Ora, mesmo que fossem ritmos e danças sagradas, ninguém teria a autorização de inserir nada sem a licença da Santa Sé, porque é necessário apresentar à Santa Sé primeiro para que ela aprove qualquer modificação dentro do rito, porque a Santa Sé está aí para tutelar a Tradição ritual da Igreja, a validade dos Sacramentos, a retidão da fé, e, nesse caso, o direito dos fiéis. Então, vejam, este tipo de Missa não somente não tem cabimento, mas como não tem verdade antropológica.

Uma terceira coisa: este tipo de Missa não tem verdade teológica. Ou seja, se você for ver, todas estas inserções, estes tipos de rituais, foram feitos por pessoas que não entendem absolutamente o que é o verdadeiro rito da Missa. A Missa é a celebração da Paixão, Morte e Ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo, é o Santo Sacrifício Eucarístico. Todas essas inculturações sempre (…) vão na direção de “festosas” celebrações comunitárias, onde o Sacrifício de Cristo na Cruz fica encoberto, esquecido, quase que ausente. Por quê? Porque o que é importante é aquilo que você é, o importante é aquilo que nós temos no dia-a-dia, trazer o profano pra dentro da Igreja.

Chamar isto de profanação talvez seja literal demais. Mas é isto que está acontecendo.

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