As crianças
e os jovens da era tecnológica dominam com seus ágeis dedos os botões dos
aparelhos eletrônicos e viajam pelos “games” dos visores dos
computadores, dos Ipad e dos Iphones.
É tão
atraente e envolvente a cultura dos “games” que os adultos – que antigamente
exigiam das crianças e dos jovens que deixassem o futebol, as pipas, as
bicicletas e os carrinhos de rolemã para estudarem – hoje são seus imitadores.
Em
aeroportos, em longas viagens aéreas, na sala de espera dos consultórios ou na
privacidade do quarto pessoal, e muitos outros lugares – menos no ambiente de
trabalho profissional – o que se vê são adultos que não conseguem deixar de ser
dessa “geração games”.
Talvez ser
da “geração games” sendo da antiga geração do telefone fixo, da máquina
de escrever, das cartas manuscritas, das brincadeiras que mexiam com todo o
corpo e não só com a agilidade dos dedos polegares seja muito relaxante, ajude
a aliviar o “stress” do atual mundo tecnológico.
O que
talvez não seja relaxante nem aliviante é ser da geração “games de família”.
O que é a geração “games de família”? Consideremos a atual cultura
pós-moderna caracterizada “pela auto referência do indivíduo, que conduz à
indiferença pelo outro, de quem não necessita e por quem não se sente
responsável” (cf. Documento de Aparecida, V.2007, n. 46), a fim de entender
exatamente essa “nova geração”.
Esta
cultura individualista tem produzido uma geração de pensadores que se
autodenominam intelectuais da desconstrução de padrões antiquados ou uma
geração de feministas emancipadas que julgam ser a melhor geração de mulheres
de toda a história da humanidade: nunca se ouviu dizer, afirmam essas
feministas, que tenha existido mulheres tão livres da família, da maternidade,
da religião “machista”, como as atuais mulheres.
Esta
geração com enormes e gigantes “dedões polegares” é manipuladora da
inteligência e da consciência humana, acabando com a real família, fundada por
Deus sobre a união do amor autêntico existente na relação de um homem com uma
mulher, aberto à descendência natural, cultivado dentro de um lar acolhedor e
com um projeto comum a longo prazo para as vidas dos pais e dos filhos.
Esses “dedões
polegares” monstruosos fabricam “games de famílias” e brincam com
eles, mexendo nos botões dos conceitos de amor, identificando-o exclusivamente
com afetos: então surgem as uniões homoafetivas, as heteroafetivas com lares
separados, e a última novidade em “games”, as uniões poliafetivas de um
homem com 2 mulheres ou mais. Esses “dedões polegares” brincam com os
botões da educação dos filhos, e querem demonstrar que qualquer um pode ser
excelente pai ou mãe, ou competentes pais ou mães, inigualáveis “monopais”
ou “monomães”, sem ter outro requisito pedagógico que seguir um critério
contrário ao modelo de educação já existente nas reais famílias, às quais eles
gostam de chamar de famílias tradicionais ou conservadoras.
Quando
esses “intelectuais e essas feministas” enveredam pela via da
sexualidade humana os “games-famílias” mostram nas suas telas todos os
tipos de relacionamentos classificados por letras do alfabeto e considerados
chaves mágicas que abriram – felizmente, disse as pessoas acima mencionadas –
as portas dos armários escuros, autênticos esconderijos de rapazes e moças que
não tinham, até que chegaram os “dedões polegares”, a aceitação das suas
opções dentro das esferas do mundo da religião, da política, da cultura e da
mídia.
O mundo,
que Deus criou foi considerado bom e depois muito bom coma
criação do homem e da mulher, resiste à imposição dos “games famílias”.
Essa resistência não tem nada a ver com as pessoas que estão vivendo dentro
dessas novas formas de considerar o que é família. O amor ao próximo exige o
respeito profundo por todas as pessoas, independentemente serem pessoas que
acertaram ou erraram em suas escolhas vitais. Esse mesmo amor ao próximo exige,
porém, o amor à verdade que deve ser anunciada ao próximo e o amor à beleza da
vida familiar tal como está no projeto divino para o futuro do mundo.
Retornando
à palavras do papa Bento XVI no Discurso inaugural da Conferência Geral do
Episcopado do continente americano em Aparecida no ano 2007: “quem exclui
Deus de seu horizonte falsifica o conceito de realidade e, em conseqüência, só
pode terminar em caminhos equivocados e com receitas destrutivas”, convém
ver as consequências dessas brincadeiras com a família.
Sendo a
família segundo um projeto de Deus, ela é o maior “patrimônio da humanidade”,
e quem exclui esse projeto através do “play station” com seus vários “games-família”
acaba empobrecendo, cultural e eticamente, a humanidade.
Necessita-se,
portanto, de uma nova geração de intelectuais e de mulheres que crie um
feminismo “de ponta”, de autênticos valores para as mulheres e para os
homens, que saiba, sem o uso de “dedões e de dedinhos ágeis”, elaborar
uma cultura própria do enorme valor desse patrimônio da humanidade.
Necessita-se
também de jovens que sejam rebeldes e reclamem contra esses “dedões
polegares” dos pseudo-intelectuais e das pseudo-feministas, e que sejam,
principalmente, voluntários de Deus para serem construídas famílias-famílias,
onde as mães queiram ser mães e também profissionais, procurem ser excelentes
educadoras, psicólogas, comunicadoras na educação dos seus filhos e, sem terem
o salário que mereceriam por dedicarem-se à família, sejam empresárias do lar,
gerenciando suas famílias com competência, com visão de futuro e com
consciência de que nem o Estado nem os “pseudo-pensadores” sejam os
gerenciadores das suas casas, quando na verdade terminam sendo perturbadores da
tranquilidade e da privacidade do ambiente de amor verdadeiro, única lei
gerencial da família.
Necessita-se
de rapazes que queiram ser pais, que exerçam sua altíssima responsabilidade de
ser, com as mães, os grandes “heathunders” – os “caçadores de
inteligência” – que irão trabalhar por políticas familiares autênticas que
correspondam, aos direitos da família como sujeito social insubstituível.
Necessita-se
finalmente de uma geração nova de filhos, que mesmo tendo dedos ágeis para
mexerem nos instrumentos da era tecnológica, tenham dedos mais ágeis ainda para
mexerem com os seus pais, apontando-lhes os seus direitos irrevogáveis e
intransferíveis no campo da educação, da proteção moral e do cuidado com seus
descendentes, especialmente os que nascem doentes ou deficientes, pois estes
são os filhos que os irmãos querem e que têm o direito de nascerem numa
família-amor e seus irmãos têm o dever de amá-los com mais ardor e fervor do
que se fossem sadios.
A família,
segundo Deus, faz parte do bem dos povos e da humanidade inteira, e é um
tesouro tão importante para a nação brasileira, que a Igreja Católica não pode
omitir-se na sua promoção e defesa, sobretudo na sua missão de vigiar quando
surgem “modelos ampliados” e apresentados como objeto de consumo nesses
enganosos “games famílias”.
Ser
família, pensar família, amar família, proteger família, promover família... é
a missão de todos, católicos e cristãos, homens e mulheres de boa vontade em
todas as crenças... é dever do Estado e do povo brasileiro!
Dom Antonio
Augusto Dias Duarte
Bispo
Auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro
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